Peles são formadas por pontos e linhas, fios, camadas finas e espessas que cruzam e se entrecruzam sobre nosso corpo; várias e várias vezes. Estas linhas, camadas flexíveis e macias, são condutoras de muitas de nossas histórias íntimas, que por vezes se entrecruzam com as de outras pessoas, discursos amorosos, trajetos realizados, … O caminho que o bicho-da-seda (Bombyx mori) faz em volta do próprio corpo é um movimento repetitivo, a partir do qual ele obtém uma camada protetora para seu corpo, ziguezagueando sobre ele. Essa ação é como o movimento da costura e do tecer, ações transmitidas por muitas gerações de mulheres. Um movimento que também é repetitivo, que constrói camadas de superfícies, que nos protegem e que amplia nossas capacidades sensoriais e perceptivas, mas que também nos moldam. É cada vez mais necessário identificar como as tecnologias fazem o controle sobre nossos corpos e nossas subjetividades; controle de identidades, dos modos de ser e viver. Embora defenda-se que as tecnologias fazem um tipo de controle “sem gênero”, mais “suave”, realizado pelas grandes corporações, ainda temos nossas vidas subjugadas à condutas predefinidas por uma sociedade que não nos tem como protagonistas de nossas próprias vidas.